domingo, 4 de abril de 2010

Carolina









Carolina - 2007
DIREÇÃO: Renato Farias.
LOCAL: Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro III e Academia Brasileira de Letras

Jornal do Brasil – Caderno B

Quarta-feira, 25 de outubro de 2007


Resenha – Carolina


Macksen Luiz


Este réquiem-sarau, que mostra os momentos que antecedem a morte da amada do escritor Machado de Assis, e que está em cartaz no Teatro III do CCBB, confunde vida e literatura, realidade e ficção, numa dramaturgia que borda o tempo como um tricô de sentimentos. Carolina são várias para se revelar única para Machado. Inspiradora de personagens, objeto de afeto, síntese do feminino na obra literária, esta mulher de tantas aparências surge nos instantes finais da sua existência, neste roteiro de Tarcísio Lara Puiati, como figura central de uma vida a serviço do outro. Carolina adquire nesta versão teatral vozes múltiplas, tomadas de empréstimo a outras mulheres machadianas e a situações que ilustram um mundo em que o papel social feminino se confinava entre quatro paredes. A convivência com o marido e as zonas sombrias que ambos acumulam ficam expostas neste confronto com a finitude, quando tudo parece ficar mais evidente.
Renato Farias criou uma encenação atraente em sua circularidade. No cenário de Melissa Paro, que integra a platéia à cena, as atrizes - Júlia Rabello, Laura Castro, Marta Nóbrega e Sarah Cintra - se distribuem por diversos momentos de uma Carolina que percorre sua trajetória até seu término. Os figurinos, contrastando o preto ao branco, a iluminação de Paulo César Medeiros e a participação do pianista Filipe Bernardo ambientam ainda melhor o aspecto de sarau que perpassa esta contagem regressiva para um tempo definitivo. O elenco se compõe, equilibradamente, nas diversas solicitações a que é submetido, correspondendo com harmônica identidade ao universo retratado. As cinco intérpretes demonstram em cena real identidade com a montagem, como se cada atuação fosse parte integrante de uma voz uníssona em relação àquilo que se quer projetar no palco. Carolina está repleta da mesma sinceridade com que suas atrizes estão em cena.



Revista Aplauso

Carolina

A grande força por trás do escritor Machado de Assis.

O espetáculo Carolina, de Tarcísio Lara Puiati mostra como foi Carolina Augusta Xavier de Novais Machado de Assis, musa, cúmplice, companheira, uma mulher à frente de seu tempo. E a mulher do grande escritor brasileiro. Carolina foi apontada como figura central no crescimento do escritor, considerado um dos maiores mestres da literatura latino-americana até por autores da língua espanhola da atualidade, como o mexicano Carlos Fuentes e o peruano Mario Vargas Llosa. Foi aberto um ciclo de peças do escritor para comemorar o centenário da morte dele. Para Júlia Rabello que faz o papel que reveza sendo Carolina com mais três atrizes diz que: "São diversas coincidências, pontuadas pela paixão que todas nós devotamos a Machado, principalmente ao soneto. À Carolina, um dos mais belos poemas de amor da língua portuguesa", conta. Fragmentos das principais obras de Machado são citados ao longo da peça, que trata do amor entre os dois e das mulheres que ele imortalizou, como Capitu (Dom Casmurro), Giomar (A mão e a luva) e Helena (Helena). As personagens também dividem a cena com Carolina e com uma mulher que personifica a morte.

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